O ex-prefeito Schiavinato se inspirou em iniciativa argentina para implantar o programa nas escolas municipais de Toledo. Agora o Governo do Paraná estuda fazer o mesmo nos colégios estaduais
No dia 12 de março de 2012, o ex-prefeito de Toledo José Carlos Schiavinato (Progressistas) lançava oficialmente o projeto Cooperativismo na Escola. “Estamos lançando uma semente que deverá dar frutos no futuro”, afirmou na ocasião como se previsse os rumos do programa. O que iniciou com a inserção do conteúdo no currículo de algumas escolas municipais ganhou força, evoluiu e hoje conta com a formação de três cooperativas escolares.
O deputado Schiavinato lembra que Toledo já tinha enraizada a cultura do cooperativismo, evidenciada pelas diversas associações do setor produtivo. Porém, as crianças ainda eram distantes desse conceito. “Em uma visita a Sunchales, na Argentina, tive a inspiração. A cidade de pouco mais de 20 mil habitantes tinha um dos maiores Produto Interno Bruto (PIB) daquela região, graças a diversas formas de associativismo. O tema cooperativismo fazia parte inclusive das disciplinas nas escolas, contribuindo para uma mudança de mentalidade na população, que desde a infância pensava em ações em conjunto”.
A experiência de Sunchales foi apresentada para a equipe da Secretaria de Educação de Toledo. A secretária Janice Salvador conta que uma comitiva foi para a Argentina conhecer o projeto e visitar as escolas. “Depois criamos um programa para nossa realidade. A ideia inicial era criar oportunidade nas escolas de se discutir e fomentar o sistema cooperativo, desenvolver atitudes mais coletivas, para o bem comum, superando o individualismo cada vez mais presente na sociedade moderna”.
Semente


Inicialmente quatro escolas tiveram a inserção de noções de cooperativismo no currículo. Houve a formação de professores, material específico e atividades no regular e contraturno. Ela recorda que o objetivo era a mudança de atitude dos alunos e da comunidade, com o incentivo ao comprometimento com a coletividade, busca de soluções em parcerias, resgate da cidadania, da ajuda mútua e do cooperar. “Formar cidadãos mais solidários”.
O município contava com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Paraná (Sescoop), com o projeto Cooper Jovem. Assim como do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB). “Este foi o início. Depois o projeto ganhou força, mais escolas tiveram o conteúdo e três sentiram a necessidade de formar inclusive uma cooperativa escolar, mostrando que houve o real entendimento dos princípios do cooperativismo”, avalia a Janice.
Frutos
Hoje Toledo conta com cooperativas escolares nas comunidades de Dez de Maio, Concordia do Oeste e Vila Nova. A primeira criada foi a Cooperativa Escolar Mirim Miguel Dewes (Cooemide), em Dez de Maio. A orientadora Cristiane Steffens Cipriano conta que o início foi em 2012 com as primeiras aulas sobre cooperativismo. “Nós trabalhávamos o cooperativismo com toda a escola apesar do material didático ser para os 4os anos. Em 2014 iniciamos os estudos para montarmos uma cooperativa e em 2015 foi efetivada”, comenta.
Ela salienta que a Cooemide possui 30 associados por livre adesão, alunos de quatro a nove anos. A cooperativa é formalizada, tem estatuto, diretoria, conselhos, enfim, tudo conforme a exigência. “Eles se reúnem nas segundas e quintas-feiras no período da tarde para estudos e oficinas de produção. Além de aprenderem sobre os temas do cooperativismo, eles comercializam seus produtos. Com os recursos eles fazem investimentos, destinam para os fundos e até decidem o que fazem com as sobras”, ressalta o protagonismo das crianças.
A responsável afirma que essa organização dos alunos em cooperativa é possível somente porque houve o incentivo anos atrás. “Eles realmente entenderam o sentido do cooperar, do participar do processo, do trabalho para o bem comum através do projeto. Precisamos de crianças que pensem de forma diferente, sejam responsáveis, se organizem, tenham solidariedade, ajam em coletivo e fujam do individualismo”, avalia.
A iniciativa rendeu até um prêmio no concurso do SICOOB no valor de R$ 10 mil, que será utilizado para a reforma de um espaço para abrigar a sede da cooperativa na escola. “Em termos de educação, isso faz diferença na vida desses alunos. O entender e praticar os princípios do cooperativismo resulta em alunos e cidadãos melhores”, finaliza.
Inspiração para o Paraná
No evento de lançamento dos Colégios Cívico-Militares no Paraná, salientou-se que um dos diferenciais do modelo será o aumento da carga horária curricular, com aulas extras de português, matemática e valores éticos e constitucionais e novas disciplinas como educação financeira (a partir de 2021), programação (já disponibilizadas a 10 mil alunos) e cooperativismo.
“Caso o Governo do Estado opte por incluir a matéria de cooperativismo na grade curricular do ensino médio, estaremos à disposição para auxiliar, pois temos o expertise de como fazê-lo, implantamos em nas escolas municipais em Toledo em 2012, e colhemos os bons frutos de trabalho e união na sociedade até hoje”, afirmou Schiavinato.

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